
Saem os salgadinhos industrializados, as frituras e as bolachas recheadas e entram em cena as frutas, os bolinhos de cacau e os chips de legumes. Com o crescente interesse dos consumidores por uma alimentação mais saudável, o mercado de snacks – ou “lanchinhos” – ganhou diversidade e desperta o interesse de empreendedores em busca de um negócio com potencial.
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Pipoca de semente de flor de lótus, grão de bico com chocolate e chips de batata doce liofilizada fazem parte da linha de produtos da Qpod, empresa criada pela empreendedora Marta Moraes a partir de uma necessidade pessoal. “Eu era a louca da marmita e levava frango com batata doce para todos os lugares”, lembra.
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Foi em uma feira do setor que ela conheceu o processo de liofilização, técnica que congela os alimentos e remove todo o líquido, mantendo os nutrientes – a mesma tecnologia utilizada na comida dos astronautas. O que começou com uma ideia para resolver o problema de transporte e conservação da marmita virou um negócio.
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Seis meses depois de conhecer a tecnologia, Marta começou a criar os produtos, fazer testes de sabor e lançou a marca Qpod. “Comecei batendo de porta em porta nas lojas. Hoje, consegui entrar em grandes redes e ter visibilidade, mas ainda sou pequena. Crescemos muito no boca a boca e com degustações”, conta. Atualmente, a empreendedora está em busca de investidores para sustentar uma expansão.
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Na avaliação da consultora do Sebrae-SP Simone Haduo, o crescimento do mercado de snacks saudáveis é motivado pela busca de alternativas de alimentação mais práticas, mais rápidas, mais saudáveis e que gerem conveniência.
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Para quem está de olho no mercado, a consultora destaca o segmento de grab and go, ou seja, o “pegue e leve”, como um nicho de alto valor, não só para investir exclusivamente na produção de snacks, mas também como uma oportunidade para restaurantes, padarias, cafeterias, que podem inovar com a implantação desses produtos.
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“É importante criar uma experiência de consumo positiva, sensorial e adequada dentro do negócio. Não será apenas embalar o que já se vende. Ter cuidado na elaboração e como oferecer o produto é fundamental para o êxito do negócio”, destaca.
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Outra recomendação da consultora é respeitar a sazonalidade da matéria-prima, fator importante que terá impacto nos custos, além de informar os detalhes nutricionais no rótulo e a origem dos produtos, nos casos de produtos orgânicos e locais.
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Segundo Simone, a valorização da cadeia de alimentos e a descrição da forma de atuação da empresa são muito bem vistos pelo novo consumidor, assim como um posicionamento de negócio que valoriza a agricultura familiar com pequenos produtores e alimenta a sustentabilidade. “O consumidor está muito mais consciente e exigente. Ele poderá se tornar fiel não somente pelo sabor, mas também pelo legado e proposta da marca, do seu conceito verdadeiro e fiel ao que vende e entrega”, destaca.

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CANAIS DE VENDA
A empresa ainda pode diversificar os canais de venda, desde a criação de lancheiras empresariais até o formato de assinaturas para atender pessoas que trabalham em casa, crianças e profissionais da saúde. Foi o nicho de lancheiras escolares que chamou a atenção da assistente social Larissa Souza, moradora de Ji-Paraná (RO). Mãe de Ester e Beatriz, Larissa atuava em sua área de formação e se desdobrava para preparar uma lancheira com opções saudáveis para as filhas. “Tinha dificuldade na variação e, às vezes, caía no produto industrializado para tentar diversificar”, conta.
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Ao conversar com as outras mães, descobriu uma realidade de consumo dos pequenos de 90% de produtos industrializados, fritos ou com embutidos, como salsichas. “Eu fiquei chocada e tive a ideia de preparar a lancheira dessas crianças. As mães não mandavam opções saudáveis não porque não queriam, mas porque não tinham tempo”, afirma.
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Depois de conversar com os pais e com uma amiga nutricionista, Larissa formulou o cardápio e deu início à empresa Snack Saudável. No primeiro dia de atuação, ela conseguiu 18 clientes. No fim da semana, já eram 60 mensalistas. “A demanda começou a crescer e o telefone não parava de tocar”, lembra. O modelo de negócios chamou a atenção de interessados em abrir uma franquia. “Pensei: se eu não vender essa ideia, alguém vai copiar e fazer isso. Contratei uma empresa especializada e formatamos o negócio”, diz Larissa.
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A rede começou a se expandir por outras cidades de Rondônia e logo chegou a outros Estados. Hoje, a empresa conta com 60 unidades em 15 Estados. A franquia tem investimento inicial de R$ 72 mil, e o franqueado precisa de um imóvel para instalação da cozinha para produção dos kits, compostos por uma fruta, um suco e uma opção de carboidrato.
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Os mais requisitados são: bolinho de cacau, pão de hambúrguer artesanal, pão de queijo, pizza artesanal marguerita e cookie com pipoca. As lancheiras são entregues um pouco antes do recreio e os clientes podem optar por uma assinatura mensal para a entrega diária. O pacote em São Paulo, por exemplo, custa R$ 195 por mês.
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Outra empresa que aposta no modelo de assinatura é a Made in Natural, de São Paulo, que começou há cinco anos, quando um dos sócios, Fabio Aubin, enxergou uma oportunidade para vender opções de lanches práticos, saborosos e saudáveis. “Compramos em grande quantidade diretamente de pequenos produtores e fazendeiros espalhados pelo país para chegar à mesa das pessoas”, explica Aubin. Além da assinatura, a empresa mantém a venda online tradicional e direta para escritórios de empresas e lojas.
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O empreendedor ainda vê muitas oportunidades de crescimento para o negócio, mas tem consciência da concorrência crescente com empresas maiores e tradicionais no mercado. “Basta verificar as gôndolas das lojas para perceber a ampla variedade de produtos de qualidade. É um mercado que precisa de volume para sobreviver, e para ganhar volume precisa estar pronto para concorrer em preço e qualidade com peixes grandes”, diz.
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